top of page
Buscar
  • Foto do escritor2DESIGN

William Morris: Obra, Vida e Importância Para o Design Além do Tempo

Atualizado: 27 de nov. de 2019


O reformismo é um movimento social que tem em vista a transformação da sociedade mediante a introdução de reformas graduais e sucessivas na legislação e nas instituições já existentes a fim de torná-las mais igualitárias. Essa reforma distingue-se dos movimentos sociais mais radicais, como movimentos revolucionários. A teoria reformista afirma que os problemas sociais não são resultados do crescimento populacional, mas sim da falta de acesso da grande parte da população as riquezas produzidas. Com isso, nesse período, surgiram vários movimentos reformistas com idéias muitas vezes baseadas no liberalismo, geralmente podendo estar enraizadas em conceitos socialistas. Além de pensadores e políticos, muitos artistas surgiram durante esses movimentos, um deles foi o inglês William Morris.


William Morris nasceu na Inglaterra, em Walthamstow nos arredores de Londres em 1834, de família rica, formou-se em teologia na Universidade de Oxford, preferindo não seguir carreira eclesiástica. Encontrou-se na arte depois de experimentar a arquitetura e a pintura, produzindo peças que depois ficaram conhecidas como utilitários, ou seja, um tipo de arte que seja útil, sendo essa uma definição considerada antiquada, geralmente tem a atividades ligadas ao design. Ficando conhecido como um dos principais contribuidores para o ressurgimento das artes têxteis e métodos tradicionais de produção.

“Derivado de Ruskin a idéia de que a qualidade do objeto fabricado deveria refletir tanto a unidade de projeto e execução quanto o bem-estar do trabalhador, o design William Morris deu início a uma serie de empreendimentos comerciais que iriam divulgar a importância do design de forma indireta.” (CARDOSO, 2000, p. 79)


Foi enquanto estudava arquitetura que Morris teve contato com as idéias de John Ruskin que dizia que não adiantava aperfeiçoar os projetos a serem executados sem recompor todo o sistema de ensino e fabricação, também o modo de organização do trabalho como principal responsável pela deficiência projetuais e estilísticas. Com essas idéias na cabeça e após conhecer seus amigos Dante Rossetti, Edward Burne-Jones, Ford Brown e Philip Webb, tornando-se colaboradores de Morris a vida toda. Fundou sua primeira empresa em 1861, chamada de Morris, Marshall, Faulknes & Co, onde logo em seguida mudaria o nome e passaria a ser chamada por Morris and Company.


“A partir da abertura de sua primeira firma em 1861, Morris e seus sócios começaram a produzir objetos decorativos e utilitários, tais quais moveis, tecidos, tapetes, azulejos, vitrais e papeis de parede.” (CARDOSO, 2000, p. 79)


Ao longo da vida, Morris foi autor de uma quantidade marcante de peças em diversas áreas, principalmente na decoração de interiores, inicialmente inspirados na arte medieval. A empresa então passaria a produzir vitrais, trabalhos em metal, enforcamentos de papel, tecidos estampados e tapetes. A tapeçaria se tornaria muito importante para o trabalho de Morris onde ele seguiria trabalhando em tapetes e padrões para tapetes ao longo de toda a vida da Morris and Company.




Logo cedo Morris estava produzindo padrões repetidos para papel de parede já em 1862 e, seis anos depois, ele projetou seu primeiro padrão especificamente para impressão de tecidos. Como em muitas outras áreas que o interessavam, Morris optou por trabalhar com a antiga técnica de impressão com xilogravura manual, em vez da impressão em rolo que a substituíra quase completamente para usos comerciais. Saindo da vertente eclesiástica quando fabricou vários vitrais para as igrejas de Londres, os padrões de Morris tinham forte inspiração para o que mais na frente viria a ser chamado estilo Arte Nouveau que também iniciou com influencia do movimento Arts and Crafts.



“A firma de Morris nunca foi apenas um escritório de design, gerando projetos para outras empresas ou pessoas jurídicas; antes envolvia-se em todas as etapas desde o projeto até a venda para o cliente individual, passando pelos processos de fabricação, e ainda de distribuição e publicidade.” (CARDOSO, 2000, p. 81)


O desejo de Morris era produzir o que desenhava então defendia o pensamento de que o desenho e a produção de determinada peça não deviam ser separados e de que, sempre que possível, os autores das peças deveriam ser simultaneamente designers e artesãos, de modo a não só desenhar como também produzir aquilo que criam. Assim, todas as peças que eram produzidas pela empresa seguiam a risco os desejos de Morris, sempre concentrando na qualidade e não na quantidade de produto fabricado.



“O trabalho de Morris acabou por atingir uma enorme repercussão mundial ente o final do século 19 e inicio do século 20, inserindo-se no contexto de que veio a ser chamado de movimento Arts and Crafts.” (CARDOSO, 2000, p. 82)


Arts & Crafts foi um movimento estético surgido na Inglaterra, na segunda metade do século XIX. Defendia o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa e pregava o fim da distinção entre o artesão e o artista. Fez frente aos avanços da indústria e pretendia imprimir em móveis e objetos o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como designer. Como dito anteriormente que Morris foi adepto das idéias de John Ruskin, o movimento foi influenciado por suas idéias e liderado por Morris, que foi onde o nome dele e tudo que envolvia seu nome começaram a sair da Inglaterra e alcançar outros continentes. Por mais que o movimento tenha durado pouco tempo conseguiu marcar a história como um movimento que é considerado por diversos historiadores como uma das raízes do modernismo no design gráfico, desenho industrial e arquitetura.


“No final de sua vida, Morris resolveu aplicar a mesma filosofia de trabalho a uma nova área – a impressão de livros – com resultados importantes para o campo do design gráfico.” (CARDOSO, 2000, p. 81)


Apaixonado pela poesia e pela literatura desde muito cedo, Morris foi autor de livros de poesia, ficção e ensaios até sua morte, porém ele elevou essa paixão fundando a Kelsmcott Press em 1981. A Kelmscott foi uma editora a produzir exemplos de design aprimorado de impressão e livros. Com apenas 53 livros produzidos, a Kelmscott ficou conhecida pelo seu estilo de impressão, por serem produzidos artesanalmente, Morris buscava os melhores materiais introduzindo inovações no design de fontes e na própria diagramação da pagina, projetando fontes, tipos, tintas e papeis, Morris se entregou profundamente nesse trabalho que até hoje são reconhecidos como peças de coleção. A Kelmscott operou até 1898, pouco depois da morte de Morris em 1896.


Mesmo após a morte de Morris, a Morris and Company continuou operando até meados de 1940, e seus padrões são até hoje produzido sob licenças concedidas a Sanderson e Sons parte do negócio de papéis de parede e tecidos Walker Greenbank (dono da marca "Morris & Co.") e Liberty of London. E o impacto que as ideias e os pensamentos que Morris seguia impulsionou para o surgimento do design como conhecemos hoje.


Texto desenvolvido por Daniel Felipe Costa Alves para a disciplina Introdução ao Estudo do Design - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Artes - Bacharelado em Design - Novembro de 2019. O texto colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos sobre Design”, coordenado pelo Prof. Rodrigo N. Boufleur.



Referências

DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher, 2000


Wikipédia, A enciclopédia livre, in:  https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Morris (acesso em 12/11/2019 e 24/11/2019)


The William Morris Society, in: https://williammorrissociety.org/about-william-morris/ (acesso em 12/11/2019)




William Morris Gallery: Galeria do Famoso Design em Londres, in: https://www.viajonarios.com.br/william-morris-gallery/ (acesso em 10/11/2019)





772 visualizações0 comentário
bottom of page